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Marcelo Pimenta

Se Vitória nem sei


Imagem: Google

Não teria me repetido tanto, viesse Vitória e seu colo me receberia em mansidão, leria seus lábios em novidades, seus olhos pingariam a lucidez comprada a tonéis, despedida a todos. Viesse Vitória, nem sei que euforia, a sensação infiltrada, lágrimas rasgadas de felicidade, bordadas de verdade, encontra multidões, conta o ódio escondido no amor, encontra o amor disfarçado. Procura-nos em arremedo, mancomunados com o ser escondido, somos todos o esconderijo do medo. E você? Você, me conte outra rima, imite a canção, interprete todos os corações.

Se Vitória, nem sei. Ficaria a ler passados e me alagaria de todos os risos contidos, minha face em linhas de festa, distante, à procura de todos os momentos, retornaria épocas até julgar o caminho voltante, mediria dedicado, a cada passo ao passado, cada senso, e, assim que coincidisse o tanto de felicidade com o tamanho que aguentasse o corpo, parado, volveria lento provocando o prazer. Dali me olharia de orgulho, e sorriríamos todo caminho de volta, o fio da coragem colorido de brios nos trazendo em espelho. Vitória é agora nua, seios, pernas, a boca confidencia os receios e me beija passageira, cinzela paixões para guardar o caminho, a história da volta, um começo.

Penso muito, as maiores asneiras acordado, passeio acontecidos cheio de desejos, depois percebo meu atrevimento, explicar-me ao imaginário, ou me fazer herói a mim mesmo, como se assim me perdoasse a apatia. E você me circula, pernoita pensamentos, espalha a fuligem a pintar-me ofegante, ávido. Vou te acordar, canalha, você berra implicante, sua voz estridente, não te suporto. Preciso lembrar-me de algum momento, não sei se existiu, mas me penetra incessante, incomoda, se algum dia você souber me conta, se já tiver contado repete, não te suporto. Sinto esquecer evidências antes de você cochilar, sussurros minúsculos. Reflete sobre o assalto travestido em tantos versos de amor e solidariedade, era você nos minúsculos, agora aos berros de se gravar, quero te calar, penso muito. Me oferece um poema e sai, apenas isto te peço.

Li, ligeiro de pouco, era um pedaço de folha, não que lhe faltasse companhia, nascera órfã mesmo, ou se livrara de detalhes, talvez tanto tivesse a dizer que o pouco contivesse todos os sentidos, pensava, quando muito se explica toma para si o conhecido alheio, ignorantemente diferente, temido. Tenho pouca paciência, míngua ainda, sinto-me alegre coincidente quando prego diálogos nesta cerca, me cerca de pregos, arames e ilusões, falo de amor, covarde cacete. Tempero o egoísmo com orações tolas, decadentes, acho-me indecente enquanto me lustro de versos e aquieto o punho, devia antes cortá-lo e falta não faria, relincha sossegos inúteis, se repenso, escorrem letras por meu corpo, entre aspas, apenas repito, sem Vitória. E você ainda, não te suporto.

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