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Marcelo Pimenta

Euforias de voltar


A cidade que se vê (imagem: Google) Salssisne

A pasmar, o escuro invertido, o brilho fugidio, a ilusão de alagar de folguedos a escolha difusa, o dessaber de mordaças gritantes tentando voltar. O cômodo em noite é a tramoia de estridências elusivas, da carranca do medo em troça de bocas pintadas. Os olhares congestionam-se aflitos, garimpam o chão, cruzam-se em desvios detentos de calúnias, tímidos de encontrar as trilhas de luzes, as faces do engodo negligenciando acordar. A mente esculpida fere o ânimo com ladainhas vestidas do embuste de criar o ser ordinário, o pensamento obsceno que constrói o insano e surrupia o sentido dos calos, o suor trocado por lidas avessadas a negociar com os delírios de paz. Espalha-se o breu, desenha-se o mapa de contar e recontar penúrias, de manchar memórias lavadas pelo encanto do reverso. Fez-se do nada o tiroteio insaciável a cooptar consciências escravas. O relincho sibilante ecoa.

A tapear, a andança parada, a sintonia malgasta de divagar usando olhares alheios, enganando soslaios, sabendo-se tímido de coros, avexado de câimbras a buscar imagens em desencontros patéticos. Até se perceber apeado de estações, enrustido no ventre nodoso em carreira de contos e cantos, em mexericos de esmurrar os sentidos, de sacudir aparências. Sem registro de tempos, o trança-trança de interesses dispersos refaz-se em andejos querentes de denúncias, de infiltrar o talhe blindado e cochichar lá dentro a dança sem fato. A sensação de acasalar emoções, de parir sentidos, faz única a jornada de tantos, trata meandrosa a melancolia solitária amorando em corpos angustiados da utopia teimosa.

Cai um pano inexistente. Partem-se palcos em pedaços arteiros. Emudecem tristuras excêntricas, surgem faces a confundir o enredo, a tramar com os ventos de frestas crescentes, a arreliar com máscaras de refletir intimidades. Deslembra-se o movimento imundo e inventa-os ao léu, ao prazer de entulhar o espaço das confidências sem dono a abraçar carências e repetir sorrisos, de ver com janelas de espiar os de dentro. Outra vez na estação de quimeras ouve-se ao redor da cabeça o alarido de incomodar as razões, de pensar outros encantos, de mastigar os silêncios ficantes e alojá-los em cada parte do desejo de conhecer, de desamarrotar os papéis, apagar o quadro sangrante e recontar a si as imagens do justo, a miragem do belo.

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